Um dos sonhos de consumo ao longo de gerações de apaixonados pelos Jetsons: Um veículo sem motorista, que siga uma rota pré-determinada e que tome decisões com o máximo de precisão.
E, o mais importante: sem correr riscos ou exceder a velocidade. Esse sonho está cada vez mais realista, porém muito mais próximo do campo do que da cidade. É o que afirmam empresas fabricantes de máquinas agrícolas e a própria EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), uma vez que o maquinário já possui tecnologia suficiente para disponibilizar aos produtores veículos praticamente autônomos.
Em sua concepção, os veículos de passeio e transporte são praticamente os mesmos de 15 ou 20 anos atrás. O mesmo não ocorre com colheitadeiras, tratores e seus irmãos. A autonomia completa é considerada, no agronegócio, o “estado da arte” em equipamentos e já está disponível para o produtor rural, bastante afeito à novas tecnologias.
Apesar da internet no campo ainda representar um grande desafio, alguns fatores conspiram a favor do desenvolvimento mais acelerado:
- Ótimo momento do agronegócio – é o único setor da economia que cresce, apesar de sucessivas crises econômicas e políticas;
- A busca incessante de novas tecnologias que permitam aumento de produtividade;
- O fato de as fazendas serem ambientes controlados e que propiciem o desenvolvimento e o teste de novas tecnologias;
Além da internet, a falta de uma legislação própria e que oriente o uso dessas novas tecnologias ainda é um desafio a ser vencido. O que aponta que talvez o mercado ainda não esteja completamente maduro e que seja possível avançar em tecnologias úteis, sem a necessidade da autonomia completa do equipamento.
O agronegócio é o único setor, no Brasil e no mundo, que cresce de forma consistente ao longo dos últimos 10 anos, mesmo com crises mundiais e em meio a uma pandemia. Ainda que uma máquina seja um ativo caríssimo, o segmento tem dinheiro e vontade de investir em tecnologias que alavanquem produtividade. Nas cidades, consumimos tecnologia porque gostamos. O Produtor Rural investe não por vaidade ou desejo, mas porque precisa de rentabilidade.
Segundo os players do mercado, os equipamentos disponíveis hoje, em uma escala de 1 a 5, encontram-se no nível 3 de automação. Significa dizer que boa parte do maquinário já possui piloto automático e autoajuste de tarefas (colheita de grão e a aplicação de agrotóxicos, por exemplo). Pela tabela criada pela SAE (Sociedade dos Engenheiros Automotivos), equipamentos dessa natureza, até onde a legislação permite, se movimentam por conta própria e o operador só assume o controle em uma situação extrema. Para se ter uma ideia, os veículos urbanos atuais mais “espertos” ainda estão no nível 2.
Um outro aspecto que favorece a automação no campo é a previsibilidade do terreno ou “paralelismo”. Em lavouras de milho, soja e cana de açúcar, por exemplo, os veículos correm em linhas paralelas, retornam e seguem na mesma linha, repetindo o movimento. Já em uma lavoura de café, os acidentes do terreno dificultam esse processo.
Atualmente 70% das áreas rurais brasileiras são cobertas por internet. Assim como aconteceu com outros tipos de tecnologia, como o celular e a TV por assinatura, o próprio aumento da demanda irá forçar o avanço da legislação e a preparação da estrutura a outros patamares.
fonte: G1 e revista Autoesporte